A economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reciclados, mas são deixados no lixo. Geramos no país quase 80 milhões de toneladas de rejeitos por ano, e reciclamos apenas 3%.

Outro problema é a queda do preço do petróleo no mundo, o que faz com que a matéria prima nova fique tão ou mais barata que o produto reciclado. A dispersão dos materiais pós-consumo onera a etapa de logística reversa, prejudicando ainda mais a competitividade desses materiais. Para piorar, os plásticos derivados de insumos petroquímicos ficaram mais competitivos com a queda do preço do barril de petróleo, o que torna menos vantajoso o uso de material reciclado.

Em outros países, como a Alemanha – que desde 2010 já recicla mais de 50% do seu lixo –, existem subsídios para as empresas que utilizam material reciclado. No Brasil não tem incentivo. Pelo contrário, tem uma tributação que o encarece. O imposto incide no produto quando ele é matéria prima e depois, quando é reciclado. No caso do plástico, chegam a incidir oito impostos. Não existe o incentivo fiscal necessário para estimular o desenvolvimento dessa cadeia de materiais. A alta dos custos atinge também o papel reciclado, que chega a custar até três vezes mais do que o convencional.

O consumidor brasileiro ainda tem pouca consciência da importância ambiental de consumir produtos com material reciclado e acaba focando apenas no preço.

O desrespeito à Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei nº 12.305/10), que prevê o fim dos lixões nos municípios, dificulta o desenvolvimento da indústria de reciclados no Brasil. A construção dos aterros sanitários facilita a reciclagem do produto descartado. Porém, muitas prefeituras não se adaptaram à lei, que previa o descarte de todo o lixo do país em aterros sanitários até 2014.

Fonte – Ludmila Pizarro, Jornal O Tempo de 16 de janeiro de 2017

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